
Educar os nossos filhos para ousarem ser grandes!
“Aquilo que somos ensina mais à criança do que aquilo que dizemos, por isso devemos ser aquilo… que queremos que os nossos filhos se tornem.” Joseph Chilton Pearce
Tal como para muitas de vós, educar a minha filha é de longe a minha aventura mais audaciosa.
A maioria iria adorar – eu adoraria – ter um manual de instruções para educar os nossos filhos, de preferência que respondesse a todas as nossas perguntas sem resposta, que nos desse garantias e minimizasse a vulnerabilidade.
Somos humanas, por isso, queremos o tempo todo ter garantias, que seguimos as regras certas, que se aderirmos ao método de determinado especialista de educação infantil, os nossos filhos passarão a dormir a noite toda, serão felizes, vão fazer amigos, ter sucesso escolar e profissional e manter-se em segurança.
Eu falo por mim, já desisti há muito tempo de tentar fazer as coisas “by the book”, não diminuía a minha incerteza de saber se estou a educar bem e ainda aumentava a minha ansiedade.
A incerteza desperta em mim sentimentos que vão da frustração até ao terror. Sim, não é exagero, muitas vezes assolam-me pensamentos aterradores.
Se a incerteza da educação já é por si só angustiante, imaginem numa mãe com POC.
Vivemos numa sociedade cada vez mais insatisfeita, por isso ensinar os nossos filhos a ousarem ser grandes numa cultura de “nunca ser suficiente”, para mim é tarefa árdua.
Temos que ter bem presente que os nossos filhos absorverão os valores que lhes passarmos pelo exemplo.
As nossas histórias de merecimento – de sermos suficientes– começam na nossa infância. É certo que não terminam aí, mas aquilo que aprendemos sobre nós e a forma como aprendemos a abordar o mundo enquanto crianças estabelece uma direção que poderá implicar que passemos uma parte significativa da nossa vida a lutar para reclamar a nossa autoestima, ou que nos vai dar esperança, coragem e resiliência para a nossa viagem.
Acredito convictamente que o nosso comportamento, pensamento e emoções estão gravados em nós e são em grande parte influenciados pelas nossas vivências e pelo nosso meio ambiente.
Também acredito que a nossa sensação de amor, pertença e merecimento, a forma como lidamos com a vulnerabilidade e a vergonha são moldadas desde a infância pelas nossas famílias de origem.
Desde miúda que me lembro que os meus pais se preocupavam imenso com o que os outros iriam pensar. Portanto o medo do julgamento dos outros sempre esteve presente na minha vida.
É claro que nós enquanto mães, não temos o controlo sobre tudo, temos que contar com a personalidade da criança, as pessoas de quem se rodeiam fora do ambiente familiar, etc…
Toda a nossa sociedade vive virada para uma cultura de escassez, por isso é difícil controlar que isso não passe para os nossos filhos.
No entanto, enquanto mães temos fortes possibilidades de ser bem-sucedidas na forma como ajudamos os nossos filhos a serem resilientes perante as mensagens culturais implacáveis de “nunca ser suficiente.”
Para o conseguirmos fazer, há uma pergunta que não poderemos deixar de fazer a nós próprias:
Estou a ser o adulto que quero que o meu filho seja?
A vulnerabilidade reside no centro de todas as histórias familiares. Já escrevi sobre ela, não é uma escolha. Por isso, aceitarmos ser vulneráveis e ensinarmos os nossos filhos a ter coragem para aceitar a sua vulnerabilidade é aquilo que molda quem nós somos e o que os nossos filhos serão.
Ao tentarmos afastar a vulnerabilidade dos nossos filhos tornamos a educação das crianças numa competição sobre saber, provar, ter, executar em vez de ser.
Se pusermos de lado as competições de quem é melhor, quem tira melhores notas, recebe mais trofeus e tem melhores resultados alcançados, creio que a maioria de nós concorda que o que queremos para nós e para o nossos filhos é o mesmo: adultos e crianças com coragem que se aceitam e se amam como são , que ousam ser grandes e que amam e vivem de coração inteiro.
A verdade é que a educação perfeita não existe e não há garantias. Existem inúmeros debates sobre a forma correta de educar os nossos filhos, mas a verdade é que isso só nos distrai de uma verdade importante e difícil;
Quem somos e a forma como abordamos o mundo são os indicadores mais fortes de como os nossos filhos se vão sair no caminho da vida, mais do que aquilo que sabemos sobre educá-los ou qualquer formula pré-definida.
Não sou especialista a educar crianças, o meu método é mesmo o de tentativa e erro, nem sei se acredito que tais especialistas existem. Tudo o que sou é uma mãe imperfeita, mas dedicada.
E não tem mal , ESTÁ TUDO BEM…
@orlanda_sampaio
Perfeita em todas (e com todas) as imperfeições!
É na imperfeição que reside da beleza!
❤????